terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fixação! "Vc em Mim"



Sempre terá uma parte de mim, Q será Sua.
Uma parte de mim, Q só Vc desperta.
Uma parte Q se esconde por um Tempo, 
Mas se por um segundo eu me lembrar de Vc, ela aparece.
Uma parte Q eu tento arrancar de mim, 
Mas ela se fixou em mim. 
Porque Vc se fixou em mim.
Uma parte Q eu guardo em segredo, só pra Vc.
Uma parte Q deseja, com todas as suas Forças, 
Q exista uma parte de você que seja minha

E por isso Aguento firme. Aguento te ver em outros braços,
 Aguento Q haja um mundo contra os nossos sentimentos, 
 Aguento até Q Vc não sinta o mesmo. 
Aguento porque não há como não Aguentar.

Fixação

Kid Abelha

 
Seu rosto na TV
Parece um milagre
Uma perfeição
Nos mínimos detalhes...
Eu mudo o canal
Eu viro a página
Mas você me persegue
Por todos os lugares...
Eu vejo seu poster
Na folha central
Beijo sua boca
Te falo bobagens...

Fixação!
Seus olhos no retrato
Fixação!
Minha assombração
Fixação!
Fantasmas no meu quarto
Fixação!

I want to be alone...

Preciso de uma chance
De tocar em você
Captar a vibração
Que sinto em sua imagem...
Fecho os olhos
Pra te ver, você nem percebe
Penso em provas de amor
Ensaio um show passional...
Eu vejo seu poster
Na folha central
Beijo sua boca
Te falo bobagens...

Fixação!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dançando ( Momentos que são Meus )


Quando ninguém está olhando Eu danço
 Simples assim... Faço a Dança da chuva 
 Quando o calor Me toma o Ar
 A dançinha da vitória 
 Quando tenho alguma vantagem
 Imito dançarinas de ballet 
E sempre perco o apoio
Caindo e morrendo de rir
Quando não quero me molhar
e a chuva me pega
Abro os braços e saio dançando
Com os olhos fechados (Geralmente as ruas ficam vazias mesmo)
Assistindo a minha série do momento ( Grey's Anatomy)
Tem que ter aquela pausa "II" para a dançinha é claro
E sem dúvida a mais gostosa
É dançar enquanto cozinho
É tosco, mas quando ninguém está olhando
Trasnformo a Minha Vida em um Musical engraçado

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ninguém é melhor que ninguém




"Chamar alguém de feio
não te deixa mais bonito;
ficar sem comer não te deixa um palito;
excluir uma pessoa não te torna mais popular;
não são as marcas que vão te rotular;
xingar alguém de gordo não te emagrece;
dizer que uma pessoa é triste não traz felicidade;
falar que alguém é fraco não te fortalece;
dizer que uma pessoa é metida não te traz a humildade;
falar que alguém é insignificante não te engrandece;
dizer que uma pessoa é falsa não te leva à verdade;
dinheiro não compra felicidade;
conhecer muita gente não é o mesmo que ter amigos;
ser famoso é diferente de ser querido;
sexy não é o mesmo que vulgar;
atração é diferente de amar."



Quem pensa por si só é livre e ser livre é coisa muito séria

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar nos sonhos que se têem
ou que os seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vais ser alguém...
Renato Russo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nunca mais haverá amor como aquele?




A capacidade de esquecer é o que existe de mais precioso sobre a face da Terra, sob nossas faces. Amar é indubitavelmente mais magnânimo, mas não é tão essencial quanto o esquecimento: é ele que nos mantém vivos.

O amor torna a paisagem mais bonita, mas é o bálsamo curativo do esquecimento que nos faz ter vontade de abrir os olhos para vê-la.

A paixão empresta um sentido quase mítico aos dias, mas é esquecer a excruciante tristeza perante a morte dela que nos torna aptos a nos encantar novamente dali a pouco.
Já esqueci amores inesquecíveis e sobrevivi a paixões que, tinha convicção, me matariam se terminassem.
Às vezes, cruzo na rua com fantasmas que já foram bem vivos na minha história e não deixo de sentir uma certa melancolia por perceber que aquele rosto um dia pleno de significado se tornou tão relevante quanto um outdoor de pasta de dente.
Algumas pessoas simplesmente são apagadas da memória como filmes desimportantes. Sem maldade ou intenção, apenas esmaecem até desaparecer.
É mesmo impossível manter na memória da pele todos os que passaram por nós ou sermos mantidos por todos: gente demais, espaço de menos...
O passado deve ser mantido no lugar dele e não trazido nas costas feito mochila de viajante, lotada com os erros cometidos e alegrias jamais revividas.
Para ser feliz é necessário pouca coisa além de se livrar do excesso de carga e esquecer as coisas certas.
É útil também jamais perder de vista um detalhe, afixá-lo no espelho do banheiro, repeti-lo como um mantra: absolutamente nada é para sempre, nem mesmo os sentimentos que parecem ser (a vida seria um lago estagnado se só existisse o perene).
Nunca mais haverá amor como aquele?
Ótimo, porque o novo é tão imenso que seria um desperdício se algo se repetisse.
Todo mundo passa.
E é bom que seja assim.
Ailin Aleixo

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Amor ?



Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Costuma ser despertado mais pelas flechas do cupido do que por uma ficha limpa. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Perder-se também é caminhO ( Entender é limitadO )



"Deve-se viver apesar de...

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.

Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.

Liberdade é pouco.
O que eu desejo ainda não tem nome.

Inútil querer me classificar,eu simplesmente escapulo não deixando. Gênero não me pega mais.

O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo."



domingo, 19 de setembro de 2010

Me Apaixono Logo existO


 Movida por uma Paixão
 Movida por várias Paixões
 Não por necessidade ou Obrigação
 A Paixão provoca sensações
 Medo, Coragem, Alegria ou Raiva
 Todo um destemperamento
 Paixão remédio contra monotonia
Vários tipos de Paixões
 Pela Música, o Céu, a Chuva, o Sol
 Por um país, um Time, um passeio de Bicicleta
 Por Websites, por Roupas ou Chocolate
 Pelo Sorriso dela ou por  Ela todA
 Sentir dor, arder, queimar ou esfriar
Observar, agir, pular, gritar, sorrir ou choraR
 Sentir-se leve, sair do Ar... SonhaR
 Estar Apaixonado é estar VivO

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Beleza da Solidão



Quem disse Q não há Beleza na Solidão
Ela existe. Está sempre lá. 
 O que era pra ser um momento triste
 Se torna lindo, diferente. Com uma beleza abstrata.
 A beleza da Solidão é como o surgimento do Arco-íris
 Em um instante a imagem de um Céu carregado, escuro
 e sem forma se transforma e ganha Cores
 Todas unidas. Uma visão hipnotizante.
 Assim é a Solidão. Por mais medo Q ela provoque,
 Por mais melancólica Q ela seja 
 Sempre passa. Ela nunca é constante.
 Ela aparece ás vezes para mostrar o valor 
 Q tem a companhia daqueles Q nos acompanham.
Então aquele momento em Q a Solidão envolve 
 Pode ser observado em câmera lenta
 Pela visão artística de um pensador Otimista.
Onde se enxerga Q a Solidão serve para fragilizar e humanizar
 Tornado capaz de Sentir e dar valor




sábado, 11 de setembro de 2010

 

 

"Inclinei-me depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de um na linha da boca do outro. 

...e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e..."

"Sem pedir, penetrei na fresta da tua boca,
e fiz a vontade emergir..."

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Olhos de Cigana Oblíqua e Dissimulada



Olhos de ressaca

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vivo la VidA

 

 

 

 

Não nasci pra morrer por uma causa. Parece bobagem. O que aconteceu ontem pode até ter me afetado, mas não continua me afetando. Talvez porque eu não tenha o costume de ficar remoendo o que se passou ou mesmo porque sempre espero mais do futuro, do hoje, do amanha. É como se o acontecido de ontem virasse uma lembrança suave. Também levando em conta o meu esquecimento natural das coisas. Esqueço até o que comi ontem. Porque sou lenta, esquecida ou simplesmente porque não faço questão de lembrar. Comigo funciona mais o lance de viver o dia a dia. Por isso mesmo não estranhe se, após me ver tendo uma crise de choro, me ver sorrindo de algo bem tosco. Talvez eu seja uma "boba alegre" ou simplesmente uma pessoa que goste de viver a vida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Eu Rezo pelo nosso AmoR



E eu rezo sempre
Que nada Te afaste
 Que como a Lua 
 Volte sempre a trazer beleza para o meu Céu
 Minguante ou Crescente...
 Não importa só quero Q volte
 Que não haja Abismos entre nós
 Que a felicidade de estarmos Juntas
 Seja maior e mais forte Q qualquer Amargura
 Que o tempo seja incapaz de nos Separar
 E aconteca o Q acontecer
 O meu compromisso é com seu CoraçãO
Eu rezo pelo nosso AmoR

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

É um Prazer


"Leio e estou liberto, adquiro objectividade. Deixei de ser eu e disperso. E o que leio, em vez de ser um trajo meu que mal vejo e por vezes me pesa, é a grande clareza do mundo externo."

        Fernando Pessoa

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sou uma Romântica Sem cura Possível




Hj vou falar de Romantismo. Sim, eu Sou uma Romântica Sem cura Possível.
Admiro um lindo Pôr-do-sol na companhia Daquela Pessoa especial, 
Gosto de passear de Mãos dadas, Derreto-me com um jantar à luz das velas, 
Oferecer-me uma simples Flor já Me sensibiliza, 
Um sms só para dizer "Adoro-te" deixa-me com uma lágrimazinha no canto do Olho, 
Dançar agarradinha, ao som de uma Música qualquer, enche-me de Felicidade
Acima de tudo gosto da Simplicidade, 
O Q me toca é a Beleza do Gesto e do Momento
Serei eu uma Sonhadora de CoraçãO mole agarrada a práticas antiquadas
Neste mundo que gira a toda a velocidade, 
Onde não há Tempo para Sentimentos Profundos e onde impera o materialismo, 
Fico com a Sensação Q ser Romântico passou a ser mais um defeito ou uma fraqueza do Q uma Qualidade. 
Mas Enfim... Sou uma Romântica Sem cura possível.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Egoísta ( MomentO )



Eu queria tanto aquele Sorriso 
Só pra mim
Eu queria tanto aquela Atenção 
Só pra mim
Eu queria tanto aquelas Mãos 
Só pra mim 
Eu queria tanto aqueles Pensamentos 
Só pra mim
Eu queria tanto aquele Coração 
Só pra mim
Eu queria tanto aquele Olhar 
Só pra mim
Eu queria tanto aquele Abraço 
Só pra mim
Eu queria tanto aquele Ciúme 
Só pra mim
Eu queria tanto aquele Beijo 
Só pra mim
Eu queria Tanto.. Tanto.. Tanto...

W. R

Morro de tristeza e Vivo de Alegria


SEMPRE MULHER...
Teresa Cordioli

Eu morro e vivo todo dia...
Morro de tristeza
e vivo de alegria.
Transmuto meus sentimentos,
de sonhos me alimento,
vestindo fantasias.
Já me vesti de freira
e também com outras alegorias...

Sou uma, sou VÁRIAS,
sou mulher, sou amante,
sou AMIGA a todo instante,
se te vejo, te estudo,
para saber o que serei,
Mãe, se estiver mudo,
Sedutora, se tiver falante,
Menina, se estiver contente,
Tentação, se te convier, mas
Sempre MULHER.

Eis a questão...
O que serei amanhã?
Não depende só de mim,
depende exclusivamente
de como vais chegar...
Retraído ou falante?
Amigo ou amante?
Quando tenho o tema,
deixo o coração desenhar,
visto minha fantasia
no intuito de te provocar....

quarta-feira, 21 de julho de 2010

 


Exagerada toda a vida: Minhas Paixões são Ardentes; Minhas Dores de cotovelo, de Querer morrer; Louca do tipo desvairada; Briguenta de tô de mal pra Sempre; Durmo treze horas seguidas; Meus Amigos são semi-irmãos; Meus Amores são Sempre Eternos e Meus Dramas, mexicanos!  
Clarice Lispector

domingo, 18 de julho de 2010

As sem razões do amor




As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ConfessO


Confesso que por toda minha vida tenho tentado ser feliz e não apenas isso. Tento fazer feliz aqueles a quem tanto gosto.
Infelizmente, durante essa jornada, descobri ser impossível ser e fazer feliz todo o tempo.Porque fazer feliz me faz feliz, mas como ser feliz se não posso fazer feliz...
Confesso, então, que aprendi a viver assim, buscando sempre a felicidade. Dia após dia, hora após hora.
Talvez por covardia.Por medo de deixar que a tristeza me absorva. Talvez por não querer ver alguém de quem gosto triste ou simplesmente pra ter um objectivo honesto e bonito ao mesmo tempo.
Mas, enfim é um prazer preencher os vazios que vem do nada, e deixam o céu mais claro com gargalhadas Que surgem de conversas sem noção e mesmo de simples sorrisos no canto dos lábios com esperançosos brilho no olhar.
Confesso que essa felicidade simples e boba torna delicioso viver.

W.R

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A força da alma



A fragilidade não me cabe
Ela me da um ar de fraqueza
Minha fraqueza é passageira pra mim
Não para quem está de fora
A fragilidade atrai por pena
E afasta por medo
O Tempo voa...
Quem tem tempo pra cuidar de um caído?
Estar sempre caído
É forçar os outros a se curvarem pra tentar Te levantar
Por mais frágil que Me sinta
Busco forças nos alicerces da minha alma
Reforçando as fibras com um sorriso de vencedora
Quando se está no chão corre-se o risco de ser pisoteada
Prefiro Me impor como uma Parede ( The wall)
"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou Mulher..."
Encontre a porta e serei proteção
Me enfrente e encontrará resistência

domingo, 4 de julho de 2010

No instante desse AbraçO


Sinto passar por todo o corpo
Uma corrente de energia

Melodias em sequência
A cabeça gira

Um sorriso no canto dos lábios
Quebrando toda a resistência

Perco a noção de tempo
Viajo sem sair do lugar

Toda sensação de Conforto
Provocada pelo toque da Tua pele

De uma dimensão a outra
No instante desse AbraçO

W.R

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Em tons de cinza



Quando tudo vai se apagando
Se transformando em resumos

Algumas imagens em tons de cinza

Acompanhadas de algum som
Não há Saudade.

Como sentir falta daquilo que não se lembra

Também não há prazer em relembrar

Porque não há o que relembrar
Como se toda lembrança tivesse data de validade

Tudo expira, some Se o Desejo é esquecer algo...
Mas se a intensão for lembrar...

Um por do Sol nunca é igual ao outro,
Pois o último cairá no esquecimento
A necessidade de Olhar no espelho todo dia
Para não esquecer a própria face

Sensações passam a ser escritas, guardadas em Textos

Pode Sentir o coração Bater forte lendo que uma Noite ele Palpitou

Buscando sempre novas sensações e emoções

Não pode Amar a ausência, então se Apega a Presença
Apego por medo de Perder?
Não! Por medo de esquecer
A presença passa a ser Valorizada Como um Bem maioR

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sonhando em Sonhar em Outro LugaR




Me imagino além daquela cerra
Olhando pela janela
O vento batendo no rosto
O olhar destraído, congelado
A expectativa e o medo juntos
Transformando a angústia
Deixando o tédio um pouco de lado
Contorcendo a alça da mochila
As lágrimas da despedida secando
Buscando Viver o Presente
Em um futuro diferente
A estrada se modificando a cada Km
Tudo que foi vivido guardado no peito
A esperança quase saltando garganta a fora
O Sol e a Lua dividindo o mesmo Céu azul
Me fazendo companhia
Os suspiros e o lábio inferior mordido
Novas pessoas, sabores, sons, cores, imagens
Levando a curiosidade comigo
Assim como a torçida
Que o Bem sempre vença
Que o Amor Prevaleça
Sonhando em Sonhar em outro Lug
ar

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sonho


Sonho



Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz
Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa
Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gentePois somos semente do que ainda virá
A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração
A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mais as vezes não é doce não

Sonho parece verdade Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah... e o mundo é perfeito! Hum...e o mundo é perfeito! E o mundo é perfeito!

Eu não pareço meu pai
Nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Mas a incerteza traz inspiração
Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso
Tem sorriso que parece choro
Tem choro que é pura alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia
Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem aquele que parece feio
Mas o coração nos diz que é o mais bonito
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pq Amar é VariaR

Máscaras


PERSONAGENS:
Arlequim : Um desejo

Pierrot : Um Sonho
Colombina: A Mulher

Em qualquer terra em que os homens amem. Em qualquer tempo onde os homens sonhem. Na vida.

BEIJO DE ARLEQUIM
I
O crescente cintila como uma cimitarra. Lírios longos, grandes mãosbrancas estendidas para o luar, bracejam nas pontas das hastes. Uma balaustrada. Uma bandurra. Um Arlequim. Um Pierrot E, sobre as máscaras e os lírios, a volúpia da noite, cheia de arrepios e de aromas.

ARLEQUIM diz:

Foi assim: deslumbrava a fidalga beleza da turba nos salões da Senhora Duquesa. Um cravo, em tom menor, numa voz quase humana, tecia o madrigal de uma antiga pavana. Eu descera ao jardim. Cheirava a heliotrópio e vi, como quem vê num vago sonho de ópio, uma loura mulher...

PIERROT

Loura?

ARLEQUIM
Como as espigas... Como os raios de sol e as moedas antigas...Notei-lhe, sob o luar, a cabeleira crespa, anca em forma de lira e a cintura de vespa, um cravo no listão que o seio lhe bifurca, pezinhos de mousmé, olhos grandes, de turca... A boca, onde o sorriso era como uma abelha, recendia tal qual uma rosa vermelha.
PIERROT
Falaste-lhe?
ARLEQUIM
Falei...
PIERROT
E a voz?
ARLEQUIM
Vaga e fugace. Tinha a voz de uma flor, se acaso a flor falasse...
PIERROT

E depois?
ARLEQUIM
Eu fiquei, sob a noite estrelada, decidido a ousar tudo e não ousando nada... Vinha dela, pelo ar, espiritualizado numa onda volúpia, um cheiro de pecado... Tinha a fascinação satânica, envolvente, que tem por um batráquio o olhar duma serpente... e fiquei, mudo e só, deslumbrado e tristonho, sentindo que era real o que eu julgava um sonho! Em redor o jardim recendia. Umas poucas tulipas cor de sangue, abertas como bocas, pela voz do perfume insinuavam perfídias...
Tremia de pudor a carne das orquídeas... Os lírios senhoreais, esbeltos como galgos, abriram para o céu cinco dedos fidalgos fugindo à mão floral do cálix longo e fino. Um repuxo cantava assim como um violino e, orquestrando pelo ar as harmonias rotas, desmanchava-se em sons, ao desfazer-se em gotas! Entre a noite e a mulher, eu trêmulo hesitava: se a noite seduzia, a mulher deslumbrava! Dei uns passos Ao ruído agitou-se assustada. Viu-me...
PIERROT
E ela que fez?
ARLEQUIM
Deu uma gargalhada.
PIERROT
Por que?
ARLEQUIM

Sei lá! Mulher...Talvez porque ela achasse ridículo Arlequim com ar de Lovelace... Aconcheguei-me mais: “Deus a guarde, Senhora!” - Obrigada. Quem és? - “Um arlequim que a adora!”
Vinha do seio dela, entre a renda e a miçanga, um cheiro de mulher e um cheiro de cananga. Eram os olhos seus, sob a fronte alva e breve, como dois astros de ouro a arder num céu de neve. Mordia, por não rir, o lábio úmido e langue, vermelho como um corte inda vertendo sangue...E falei-lhe de amor...
PIERROT
E ela?
ARLEQUIM
Ficou calada... Meu amor disse tudo, ela não disse nada, mas ouviu , com prazer, a frase que renova no amor que é sempre velho, a emoção sempre nova!
PIERROT
Que lhe disseste enfim?
ARLEQUIM
O ardor do meu desejo, a glória de arrancar dos seus lábios um beijo, a volúpia infernal dos seus olhos devassos, o prazer de a estreitar , nervoso, nos meus braços, de sentir a lascívia heril dos seus meneios, esmagar no meu peito a carne dos seus seios!
PIERROT, assustado:
Tu ousaste demais...
ARLEQUIM, cínico:
Ingênuo! A mulher bela adora quem lhe diz tudo o que é lindo nela. Ousa tudo, porque todo o homem enamorado se arrepende, afinal, de não ter tudo ousado.
PIERROT
E ela?
ARLEQUIM
Vinha pelo ar, dos zéfiros no adejo, um perfume de amor lascivo como um beijo, como se o mundo em flor vibrasse, quente e vivo, no erotismo triunfal de um amor coletivo!
PIERROT, fremindo:
E ela?
ARLEQUIM
Ansiando, ouviu toda essa paixão louca, levantou-se...
PIERROT
Depois?
ARLEQUIM , triunfante:
Deu-me um beijo na boca!
Um silêncio cheio de frêmito. Os lírios tremem. Pierrot olha o crescente. Arlequim dá um passo, vê a brandura, toma-a entre as mãos nervosas e magras e tange, distraído, as cordas que gemem.
ARLEQUIM
Linda viola.
PIERROT, alheado:
Bom som...
ARLEQUIM
Que musicais surpresas não encerra a mudez destas cordas retesas...
Confidencial a Pierrot:
Olha: penso, Pierrot, que não existe em suma, entre a viola e a mulher, diferença nenhuma. Questão de dedilhar, com certa audácia e calma, numa...estas cordas de aço, e na outra...as cordas d’alma!

Suavemente, exaltando-se:
O beijo da mulher! Ó sinfonia louca da sonata que o amor improvisa na boca... No contado do lábio, onde a emoção acorda, sentir outro vibrar, como vibra uma corda... À vaga orquestração da frase que sussurra ver um corpo fremir tal qual uma bandurra...Desfalecer ouvindo a música que canta no gemido de amor que morre na garganta...Colar o lábio ardente à flor de um seio lindo, ir aos poucos subindo...ir aos poucos subindo...até alcançar a boca e escutar, num arquejo, o universo parar na síncope de um beijo!
.........................................................................................................................................
Eis toda a arte de amar! Eis, Pierrot fantasista, a suprema criação da minha alma de artista. Compreendes?
PIERROT, ansiado:
E a mulher?
ARLEQUIM, lugubremente:
A mulher? É verdade... Levou naquele beijo a minha mocidade.
PIERROT
E agora? Onde ela está?
ARLEQUIM, ironicamente místico:
No meu lábio, no ardor desse beijo, que é todo um romance de amor!
Seduzido pela angústia da saudade:
No temor de pedi-lo e na glória de tê-lo... No gozo de prová-lo e na dor de perdê-lo... No contato desfeito e no rumor já mudo... No prazer que passou...Nesse nada que é tudo: O passado!... a lembrança... a saudade... o desejo...
Balbuciando:
Um jardim... Um repuxo...Uma mulher... Um beijo....
(Longo silêncio cheio de evocação e de cismas).
PIERROT, ingenuamente:
É audaciosa demais a tua história...
ARLEQUIM, ríspido:
Enfim, um Arlequim, Pierrot, é sempre um Arlequim. Toda história de amor só presta se tiver, como ponto final, um beijo de mulher!
O SONHO DE PIERROT
II
PIERROT
Eu também, Arlequim, nesta vida ilusória, como todos Pierrots, eu tenho uma história, vaga, talvez banal, mas triste como um cântico...
ARLEQUIM, sarcástico:
Não compreendo um Pierrot que não seja romântico, branco como o marfim, magro como um caniço, enchendo o mundo de ais, sem nunca passar disso.
PIERROT
Debochado Arlequim!
ARLEQUIM
Branco Pierrot tristonho...
PIERROT
Teu amor é lascívia!
ARLEQUIM
E o teu amor é sonho...
PIERROT
É tão doce sonhar!... A vida , nesta terra, vale apenas, talvez, pelo sonho que encerra. Ver vaga e espiritual, das cismas nos refolhos, toda uma vida arder na tristeza de uns olhos; não tocar a que se ama e deixar intangida aquela que resume a nossa própria vida, eis o amor, Arlequim. , misticismo tristonho, que transforma a mulher na incerteza de um sonho....
ARLEQUIM, escarninho:
Esse amor tão sutil que teus nervos reclama só se aplica aos Pierrots?
PIERROT
Não! A todos os que amam! Aos que têm esse dom de encontrar a delícia na intenção da carícia e nunca na carícia...Aos que sabem, como eu, ver que no céu reflete a curva do crescente, um vulto de Pierrette...
ARLEQUIM, zombeteiro:

Eterno sonhador! Tu crês que vive a esmo tudo aquilo que sai de dentro de ti mesmo. Vês, se fitas o céus, garota e seminua, Colombina sentada entre os cornos da lua...Quanta vezes não viste o seu olhar abstrato nos fosfóreos vitrais das pupilas de um gato?
PIERROT

Essas frases cruéis, que mordem como dentes, só mostram, Arlequim, que somos diferentes. Mas minha alma, afinal, é compassiva e boa: não compreendes Pierrot. E Pierrot te perdoa...
ARLEQUIM
Tua história, vai lá! Senta-te nesse banco. Conta-me: “Era uma vez um Pierrot muito branco...” A história de um Pierrot sempre nisso consiste... Começa.
PIERROT narrando:
“Era uma vez... um Pierrot... muito triste... “
Uma voz, na distância, corta, argentina, a narração de Pierrot.
A VOZ
Foi um moço audaz, que vejo
no meu sonho claro e doce, O amor que primeiro amei.. Abraçou-me: deu-me um beijo e, depois, lento, afastou-se, e nunca mais o encontrei.
Num ser pálido e doente resume-se o que consiste o segundo amor que amei. Ele olhou-me tristemente... Eu olhei-o muito triste... E nunca mais o encontrei!
Esse amor deu-me o desejo daquele beijo encontrar. Mas nunca, reunidas, vejo, a volúpia desse beijo, e a tristeza desse olhar...

A voz agoniza nos ecos. Pierrot e Arlequim tendem o ouvido procurando no ar mais uma estrofe.
ARLEQUIM
Essa voz...
PIERROT
Essa voz...
ARLEQUIM
Só de ouvi-la estremeço...
PIERROT
Eu conheço essa voz!
ARLEQUIM
Essa voz eu conheço...
Um sopro de brisa arrepia as plantas.
PIERROT
Escuta...
ARLEQUIM
Escuta...
PIERROT
Ouviste?
ARLEQUIM
Um sussurro...
PIERROT
Um lamento...
ARLEQUIM
Foi o vento talvez.
PIERROT
Sim. Talvez fosse o vento.
ARLEQUIM
Conta a história, Pierrot.

Pierrot continuando:
Numa noite divina como tu, num jardim, encontrei Colombina. Loira como um trigal e branca como a lua.
ARLEQUIM
Era loira também?
PIERROT
Tão loira como a tua... Eu descera ao jardim quebrado de fadiga. Dançavam no salão...
ARLEQUIM, interrompendo:

... uma pavana antiga, e notaste ao luar a cabeleira crespa...
PIERROT
... a anca em forma de lira...

ARLEQUIM
... e a cintura de vespa!
PIERROT
Mãos mimosas, liriais...
ARLEQUIM
Em minúcias te expandes!
PIERROT
Um pé muito pequeno...
ARLEQUIM
Uns olhos muito grandes! Uma mulher igual à que encontrei na vida?
PIERROT, ofendido:

Enganas-te, Arlequim, nem mesmo parecida! Era tal a expressão do seu olhar profundo, que não pode existir outro igual neste mundo! Felinamente ardia a íris verdoenga e dúbia, como o sinistro olhar de uma pantera núbia.
Esses olhos fatais lembravam traiçoeiras feras, armando ardis nos fojos das olheiras! Tão vivos que, Arlequim, desvairado, os supus duas bocas de treva e erguer brados de luz! Tripudiavam o bem e o mal nos seus refolhos.
ARLECRIM, cismando:
Essas coisas também ardiam nos seus olhos...
PIERROT
Tive medo, Arlequim! Vendo-os, num paroxismo eu tinha a sensação de estar sobre um abismo. Não sei porque o olhar dessa estranha criatura era cheio de horror...e cheio de doçura! Eu desejava arder nessas chamas inquietas...
ARLEQUIM
Tendo o fim dos Pierrots?
PIERROT
Tendo o fim dos Poetas! Aconcheguei-me dela, a alma vibrante louca, o coração batendo...
ARLEQUIM
E beijaste-lhe a boca.
PIERROT, cismarento:
Não...Para que beijar? Para que ver, tristonho, no tédio do meu lábio o vácuo do meu sonho... Beijo dado, Arlequim, tem amargos ressábios... Sempre o beijo melhor é o que fica nos lábios, esse beijo que morre assim como um gemido, sem ter a sensação brutal de ser colhido...
ARLEQUIM
E que disse a mulher?
PIERROT
Suspirou de desejo...
ARLEQUIM , mordaz:
Preferia, bem vês, que lhe desses um beijo!
PIERROT
Não. Ela olhou-me. Olhei... E vi que, comovida, sentiu que , nesse olhar, eu punha a minha vida...
Um silêncio cheio de angústias vagas. Sob o luar claro as almas brancas dos Lírios evocam fantasmas de emoções mortas. Os espectros das memórias parecem recolher, como numa urna invi- sível, a saudade romântica de Pierrot...
ARLEQUIM, tristonho:
Essa história, Pierrot, é um pouco merencória...
PIERROT
A história desse olhar é toda a minha história.
ARLEQUIM
E não a viste mais?
PIERROT
Nem sei mesmo se existe...
ARLEQUIM, contendo o riso:
É de fazer chorar! Tudo isso é muito triste!
Tomando-o pelo braço, confidencialmente:
Entretanto, ouve aqui, à guisa de consolo: diante dessa mulher...foste um Pierrot bem tolo! Aprende, sonhador! Quando surgir o ensejo, entre um beijo e um olhar, prefere sempre um beijo!
PIERROT, desconsolado:

Lamentas-me Arlequim?
ARLEQUIM

Tu não compreendeste: choro não ter colhido o beijo que perdeste.
O AMOR DE COLOMBINA

II
Uma voz que canta se aproxima.
A VOZ
Esse olhar deu-me o desejo daquele beijo encontrar, mas nunca , reunidas, vejo a volúpia desse beijo e a tristeza desse olhar!
PIERROT , extasiado:
Escutaste, Arlequim, que cantiga tão bela?
ARLEQUIM
Era dela esta voz?
PIERROT
Esta voz era dela...
Arlequim está imerso na sombra e um raio de luar ilumina Pierrot. Entra Colombina trazendo uma braçada de flores.
COLOMBINA, vendo Pierrot:
Tu? Que fazes aqui?
PIERROT
Espero-te, divina...A sorte de um Pierrot é esperar Colombina!
COLOMBINA
Pela terra florida, olhos cheios de pranto, eu procurei-te muito...
PIERROT
E eu esperei-te tanto!
COLOMBINA
Onde estavas, Pierrot? Entre as balsas amigas, tendo no peito um sonho e no lábio cantigas, dizia a cada flor: “Mimosa flor, não viste um Pierrot muito branco...”
PIERROT
Um Pierrot muito triste...
COLOMBINA
E respondia a flor: “Sei lá... Nestas campinas passam tantos Pierrots atrás de Colombinas...” E eu seguia e indagava: “Ó regato risonho: não viste, por acaso, o Pierrot do meu sonho? “ E o regato correndo e cantando, dizia: “Coro e canto e não vejo” - e cantava e corria... Nos céus, ergendo o olhar, eu via, esguio e doente, o pálido Pierrot recurvo do crescente... Assim te procurei, entre as balsas amigas, tendo no peito um sonho e no lábio cantigas, só porque, meu amor, uma noite, num banco, eu encontrara olhar de um triste Pierrot branco.
PIERROT

Não! Não era um olhar! Ardia nessa chama toda a angústia interior do meu peito que te ama Nosso corpo é tal qual uma torre fechada onde sonha , em seu bojo, uma alma encarcerada. Mas se o corpo é essa torre em carne e sangue erguida, O olhar é uma janela aberta para a vida, e, na noite de cisma, enevoada e calma, na janela do olhar se debruça nossa alma
COLOMBINA, languidamente abraçada a Pierrot:

Olha-me assim, Pierrot... Nada mais belo existe que um Pierrot muito branco e um olhar muito triste... Os teus olhos, Pierrot, são lindos como um verso. Minh’alma é uma criança, e teus olhos um berço com cadências de vaga e, à luz do teu olhar, tenho ânsias de dormir, para poder sonhar! Olha-me assim, Pierrot... Os teus olhos dardejam! São dois lábios de luz que as pupilas me beijam... São dois lagos azuis à luz clara do luar... São dois raios de sol prestes a agonizar... Olha-me assim Pierrot... Goza a felicidade de poluir com esse olhar a minha mocidade aberta para ti como uma grande flor, meu amor...meu amor...meu amor...
PIERROT
Meu amor!
Colombina e Pierrot abraçam-se ternamente. Há, como um cicio de beijos, entre os canteiros dos lírios. Arlequim, vendo-os, sai da treva e, com voz firme, chama.
ARLEQUIM
Colombina!
COLOMBINA, voltando-se assustada:
Quem é?
ARLEQUIM
Sou alguém, cuja sina foi amar, com Pierrot, a mesma Colombina. Alguém que, num jardim, teve o sublime ensejo de beijar-te e jamais se esquecer desse beijo!
COLOMBINA, desprendendo-se de Pierrot:
Tu, querido Arlequim!
ARLEQUIM, galanteador:
Arlequim que te adora...Que te buscava há tanto e que te encontra agora.
COLOMBINA
E procurei-te em vão, mas te esperava ainda.
ARLEQUIM a Pierrot:
Ela está mais mulher...
PIERROT num êxtase:
Ai! Ela está mais linda!
ARLEQUIM, enfatuado, a Colombina:

És linda, meu amor! Nessa formas perpassa na cadência do Ritmo, a leveza da Graça. Teus braços musicais, curvos como perfídia, têm a graça sensual de uma estátua de Fídias. Não sendo inda mulher, nem sendo mais criança, encarnas, grande viva, a Flor de Liz de França... Sobe da anca uma curva ondulante que chega a teu corpo plasmar como uma ânfora grega e é teu vulto triunfal, longo, heráldico, esgalgo, coleante como um cisne e esbelto como um galgo!
COLOMBINA, fascinada:
Lindo!
ARLEQUIM

E não disse tudo... E não disse do riso boêmio como ébrio e claro como um guizo. E ainda não falei dessa voz de sereia que, quando chora, canta, e quando ri, gorjeia...
Não falei desse olhar cheio de magnetismo, que fulge como um astro e atrai como um abismo, e do beijo, que como uma carícia louca... inda canta em meu lábio e inda sinto na boca!
COLOMBINA com um voz sombria de volúpia:

Fala mais, Arlequim! Tua voz quente e langue tem lascivo sabor de pecado e de sangue. O venenoso amor que tua boca expele, põe-me gritos na carne e arrepios na pele! Fala mais, Arlequim! Quando te escuto, sinto O desejo explodir das potências do instinto, O brado da volúpia insopitada, a fúria, do prazer latejando em uivos de luxúria! Fala mais, Arlequim! Diz o ardor que enlouquece a amada que se toca e aos poucos desfalece, e que, cega de amor, lábio exangue, olhar pasmo, agoniza num beijo e morre num espasmo. Fala mais, Arlequim! Do monstruoso transporte que, resumindo a vida, anseia pela morte, dessa angústia fatal, que é o supremo prazer da glória de se amar, para depois morrer!
PIERROT, num soluço:
Ai de mim!...
COLOMBINA, como desperta:
Tu Pierrot!
PIERROT, num fio de voz:
Ai de mim que, tristonho, trazia à tua vida a oferta do meu sonho...Pouca coisa, porém... Uma alma ardente e inquieta arrastando na terra um coração de poeta. Na velha Ásia, a Jesus, em Belém, um Rei Mago, não tendo outro partiu através de Cartago, atravessando a Síria, o Mar Morto infinito, a ruiva e adusta Líbia, o mudo e fulvo Egito, as várzeas de Gisej, o Hebron fragoso e imenso, só para lhe ofertar uns grânulos de incenso... Também vim, sonhador, pela vida, tristonho, trazer-te o meu amor no incenso do meu sonho.
COLOMBINA com ternura:
Como te amo, Pierrot...
ARLEQUIM
E a mim, cujo desejo te abriu o coração com a chave do meu beijo? A tua alma era como a Bela Adormecida: o meu beijo a acordou para a glória da vida!
CALOMBINA fascinada:
Como te amo, Arlequim!...
PIERROT
desvairado pelo ciúme, apertando-lhe os pulsos, numa voz estrangulada:
A incerteza que esvoaça desgraça muito mais do que a própria desgraça. Escolhe entre nós dois... Bendiremos os fados sabendo o que é feliz, entre dois desgraçados!
ARLEQUIM
Dize: Queres-me bem?
PIERROT:

Fala: gostas de mim?
COLOMBINA, hesitante:
A Pierrot:
Eu amo-te , Pierrot...
A Arlequim:
... Desejo-te, Arlequim...
ARLEQUIM, soturnamente:
A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!..
COLOMBINA , sorrindo e tomando ambos pela mão:

Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor de todos dois... Hesitante, entre vós, o coração balanço:
A Arlequim:
O teu beijo é tão quente...
A Pierrot:
O teu sonho é tão manso...
Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho! Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:

PIERROT Um sonho de Pierrot...
ARLEQUIM E um beijo de Arlequim!